terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Dia a dia


O que acontece de mágico nesta sucessão de dias?

Todos nascemos não é verdade? E a partir daí costuma-se dizer que é uma contagem decrescente até ao dia do "Juízo Final", ou numa versão mais neutra a nossa morte.
Azar dos azares para quem pensava que vinha para ficar toda a eternidade a comer, fazer o amor, viajar, dormir, trabalhar no seu ofício de coração, ver os seus filhos crescerem por toda a eternidade, etc... Isto dito desta forma até faz parecer algo assustador a possibilidade de vermos a nossa vida protelar-se "ad eternum" não acham? Estive num diálogo circundante deste tema à uns dias com a minha menina e o meu sogrinho, e realmente não há muita beleza numa eternidade em que por exemplo das 2, 1. Ou quem nos rodeia não é eterno e então vemos tudo o que está à volta nascer e morrer à excepção de nós que continuamos a viver forçosamente, parece mais um castigo ao fim de uns séculos de que propriamente um milagre. Ou então se tudo fosse eterno e não houvesse esse tipo de enfermidade passados 80 ou 90 anos, o que iria acontecer era que as mesmas caras, mesmas pessoas e tudo exactamente igual estaria no planeta cada dia da nossa vida eterna e tornaria tudo muito mais monótono não acham?

Havia uma música dos Queen... Who wants to live forever:

There's no time for us
There's no place for us
What is this thing that builds our dreams yet slips away
from us

Who wants to live forever...

Sinceramente, tudo que rodeia a vida tem um propósito específico de um teor de sacralidade e protecção legalmente expressa concernente à vida. Porquê? Porque é um bem inviolável, acima de tudo o resto, no qual não pode ser ameaçado nem posto em causa por um momento que seja. Assim a sociedade entendeu ser o correcto... A vida é nossa e a mais ninguém pertence, o seu destino é nosso para decidir, e mesmo apesar disso não podemos fazer dela o que quisermos a nível legal, o suicídio não é admissível, mas como é óbvio entendam que em termos práticos ninguém vai andar atrás de vocês para não se suicidarem... Os comboios que o digam.

Agora vem a parte mais densa da coisa, havia um senhor que uma vez em conversa me disse que havia estado numa guerra. Nessa guerra ele viu muitas coisas, das quais algumas nunca poderá esquecer, é realmente uma coisa intensa e levada ao extremo, é uma sensação de estar num constante alerta, pois o inimigo pode estar em qualquer lado.
Depois durante esse tempo no qual ele fez questão de referir que saiu de lá com vida com muita sorte, aquilo que o fez dar outro valor à vida. Realmente se aplicarem isto a certas coisas e momentos da nossa vida, irão ver a verdade que isto encerra, o ser humano por natureza opta sempre por dar tudo por garantido e é raro aquele que a priori consegue ter as precauções e gozar de todos os momentos que o tempo lhe dá para passar com alguém ou alguma coisa... Quando desaparece percebemos que afinal haveria coisas que devíamos ter feito de forma melhor para termos aproveitado o momento muito mais ao máximo. Essa ironia da vida é aquela que o tal senhor teve a gentileza de partilhar comigo e conseguiu ver a vida por um fio e saído dessa situação decidiu aproveitar bem cada momento da sua vida, também o tornou muito mais humilde e honesto, porque quando as pessoas estão com o corpo e alma em paz, não há necessidade para enredos ou dramas psicóticos de que origem for. Até o seu respeito para os outros tornou-se algo diferente que ele intuitivamente por essa experiência tem bem vincado em todos os dias da sua vida.

Será preciso sempre passarmos por algo trágico, ou então estarmos na eminência de perder aquilo que nos faz mais falta ou algo que mais gostamos para começarmos a apreciar e a dar o devido valor à coisa em questão?

Não posso dizer que seja a pessoa ideal, porque também tenho os genes humanos... mas sei que há coisas que não quero ficar sem elas na vida, e pessoas que não vejo a vida a ter esse nome se elas não estiverem lá. Penso que isso pode querer dizer alguma coisa.

Carpe diem meus amigos:)

1 comentário:

Diuska disse...

realmente a eternidade seria uma grande seca (dito em bom português)! A eternidade também pode ser um bocado aquilo que nós queremos para a vida, eu serei eterna enquanto viver...isto é, na medida da minha existência! A medida da eternidade humana pode ser moldada a meu ver...ou metaforizada (isto existe?)