domingo, 18 de julho de 2010

Com a prosa que eu tenho...


Sou capaz de idealizar imensas coisas e dar largas à imaginação para elaborar um cenário simples ou pelo contrário bem complexo, em que personagens interajam de uma forma dinâmica e mágica e transmitam a quem lê um poder de visualização imenso.

Isto não é minimamente uma forma de auto-elogio, mas sim de desvendar uma grande paixão minha que é escrever.

A história que idealizei tinha como cenário um espaço relativamente comum, no qual o tempo passado numa divisão da casa não seria o maior dado que era verão e como tal, uma vez que não era um espaço dado a grandes comodidades climatéricas o mesmo não potenciava a que fosse visitado de forma constante.

Aquele espaço é utilizado normalmente para questões de trabalho ou de pesquisa, e encontra-se apetrechado de variadas fontes de informação, contudo apesar de um ambiente tão formal, nada impediu que dois corações se pudessem ligar em completa sintonia.

Imagine-se um dia bem longo e no qual o planeado não havia sido nada em conta por factores externos que em tudo eram alheios à sua vontade.

O cansaço era evidente e para ela que tentava de forma doce e terna descansar os olhos que tinham visto tantas coisas e pessoas num só dia, procuravam refugiar-se no que seria a beleza do nada, fechando os olhos e deixando que por momentos o desejo foi concedido: não pensar em nada, apenas o nada e mais nada que o nada.

No entanto, o nada nunca se mantém da mesma forma durante muito tempo. O nada tinha sido conspurcado na sua inocência, foi abusado do que tinha por mais sagrado e despojado de qualquer decência.

Através do nada, brotou o movimento, a intensidade da respiração, a procura por voltar ao nada e ao mesmo tempo não o querendo de volta. Ficou irrequieta quando nada o fazia prever, quando o dia já tinha pedido tanto e mesmo assim algo que não dependia da sua vontade estava a acontecer diante dos seus átomos e células que bradavam por misericórdia.

O tempo foi passando, incitando a que o corpo ganhasse vida própria.

Com um beijo, a pele arrepiou-se.

Com um toque o corpo estremeceu, vergou, contorceu, retorceu, ficou tenso e relaxou imediatamente a seguir, deixou-se levar e quando deu por isso não era ela, mas sim algo.

Pela primeira vez, havia fugido do conhecido, levando o seu corpo a perguntar-se como estaria tal coisa a acontecer, e da mesma forma quem seria capaz de provocar "algo", definindo-o apenas como o tudo que já foi nada e que agora perdeu a sua definição... afinal por vezes "algo" pode ser difícil de caracterizar.

As curvas do corpo acentuaram-se, deixaram-se controlar, agarrar e possuir, foram empurradas e afastadas como se de um lençol se tratasse, suave ao toque e obediente à vontade de quem o muda de posição.

O corpo no seu movimento gracioso, fazia com que a armadura que o havia protegido durante todo o dia, perde-se qualquer utilidade, eram agora vislumbradas fendas na imaculada armadura, rachas haviam sido abertas, e com elas a tentação ganhou ainda mais terreno.

Em todo o processo continuou a ser o "algo" que apenas se movia e obedecia aos comandos de quem parecia saber exactamente o que fazia e como fazia.

Desconcertante pensou ela, um ultraje sendo eu quem sou, poderosa e forte, como podia estar a ser dominada por uma força ainda maior, no qual a sua própria resistência era inútil, dado que a determinado momento o seu próprio corpo se havia tornado um traidor cedendo a todos os seus caprichos e vontades.

Foi acariciada e amada, foi despojada de qualquer vestuário, no lugar deste, estavam agora os seus lábios, a sua bochecha, os seus dentes, a sua mão, um suspiro, um sorriso, o seu peito e o seu sexo.

O conhecido já estava a quilómetros e sem qualquer orientação possível que permitisse o seu consciente pensar em salvação. A par disso estavam a curiosidade e o medo do que estava para vir.

As posições do seu corpo já não tinham qualquer sentido previsível... o seu corpo estava a ser possuído e não havia nada que ela pudesse fazer, porque na verdade era essa a vontade do seu corpo. Era o agora e o ali e não havia mais nada. O espaço de pesquisa, trabalho e conhecimento estavam mais que esquecidos, um valor mais alto se levantou: criou-se magia de fora para dentro, revirou-se tudo de pernas para o ar e daí algo brotou por entre arrepios e movimentos involuntários.

Estava nua, deitada, as suas curvas estavam mais delineadas e cintilantes... a sua sensualidade no pico, as mãos dele não tinham sossegado um segundo, satisfizeram toda a sua curiosidade, puxaram pelo seu corpo, encostaram-no ao seu, sentaram-no no seu colo, fundiu o seu peito às costas dela, colocou os seios nas suas mãos como se estivesse a acorrentar o seu corpo (o que não podia ser mais verdade), expuseram o que de mais íntimo o seu corpo tinha.

A tensão não era apenas dela, mas sim dos dois a reagir em uníssono, numa perfeita melodia de excitação e sem qualquer pudor, era o ali... o agora... já!

"Que queres de mim?!" disse ela num tom sussurrante.

"Tudo!" respondeu-lhe de forma directa e intensa como o que estava a acontecer naquele momento, a revelação da descrição da história entre os dois em apenas uma única palavra.

Puxou-a de novo para ele, encostou-a junto a si, ousando tocar no que a intimidade guardara de forma mais óbvia. Toda a tensão do momento estava concentrada em uma só zona, e como que de um curto-circuito se tratasse, todo o seu corpo começou a mover-se por reflexo, por instinto e por desejo.

As regras tinham deixado de existir, uma vez que tinha dado um novo significado aos limites de tais barreiras.

A magia acontecia... mas como era fascinante e em sintonia? O corpo denunciava-a ao dançar de forma tão espontânea e animalesca, e não havia forma de o parar...

Quando por fim, o corpo rendido foi levado ao clímax, restando somente render-se à gravidade.

Ele estupefacto não sabia ao certo o que fazer nem o que dizer, uma vez que nada de previsível tinha acontecido. Quando a procurou com o olhar, viu o corpo dela vulnerável no seu expoente máximo.

O seu toque e o seu respirar estavam na condição divina de provocar a reacção mais involuntária de tremores e arrepios, reanimando toda a parafernália de emoções e desejos que tinham sido desafiados a um novo patamar.

Mas que magia era esta? O amor seria capaz de tudo isso sem qualquer tipo de ajuda acessória?

Para obter essa resposta, só a expressão do ele e do ela, dos dois invadindo o olhar da alma gémea contrária.

Através de um momento tão singular e lindo tiveram mais uma luz, um sinal... de que o destino lhes diz: e viveram feliz para sempre!

Sem comentários: