quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Toque de Deus















“God! Oh my God! Meu Deus! Cristo! Virgem Santíssima!”

Estas são algumas das expressões que vulgarmente vemos serem usadas da forma mais comum, seja homem, mulher ou criança, activista, político, padre, bombeiro, padeiro ou jurista e médico.

Diversas são as reacções que nos fazem exclamar expressões tipicamente religiosas mesmo que o sentido de fé ou o sentido que lhes atribuíram desde o início tivesse um fim e hoje em dia, as pessoas transformaram-no noutro.

Creio sinceramente quando em pleno Século XXI, se atravessa uma das maiores crises de fé da Humanidade, fruto de inúmeros factores, dos quais destaco, o distanciamento das próprias instituições religiosas da população; o enraizamento da cultura laica no estado e na sociedade; o progresso da ciência e da tecnologia; o deturpar de metáforas ou de sentidos bíblicos. Well you get the point…

Afinal o que estamos a dizer é que cada vez menos crédito se dá a um possível ser superior que esteja num sítio distante dos nossos sentidos e que ao mesmo tempo se diga, omnipresente, omnisciente e omnipotente. Quero dizer com isto que nada do que por vezes rogamos como certo, o é.

Como podemos nós meros mortais querer perceber tudo quanto existe? Não estou a falar além do nosso bairro, país ou planeta, mas se estivermos a falar de por pressuposto, realidades que de alguma forma não são possíveis de captar pelos nossos sentidos, nem pelas nossas máquinas, como iremos nós dizer meramente que não existe ou não pode existir?

Será isto apenas uma concepção meramente científica, que apenas fica limitado ao próprio conhecimento que é capaz de testar ou sujeitar a análises de laboratório? Deve a ciência por não ter capacidade ou não poder entender negar ramos do conhecimento ou áreas de existência que a ciência não percebe? Será que não acaba por ser um daqueles exemplos da história a dar uma lição valente a muita gente, quando acusavam a Igreja não entender, de não procurar aprender ou conhecer, por ir contra o que os seus métodos e ensinamentos permitiam e fechando-se nos afamados “dogmas” recusando tudo o que fosse diferente.

Ninguém deseja ter mais uma era das trevas, em que não há conhecimento de quase nada do que se passou durante séculos, em virtude de se negar certos conhecimentos ou registos de eventos relevantes para o planeta. Não mais isso pode suceder porque são demasiadas pessoas a deterem os meios que permitem a divulgação e conhecimento de uma mesma realidade, os contributos diversificados estão aí, ao virar de cada esquina e a distância de um click.

Tenho a firme convicção que algo existe, que a vida não pode ser assim tão previsível e limitada ao ponto de negar simplesmente porque a ciência não é capaz no momento de me dar uma resposta testada cientificamente. Penso que a diversidade e a busca do conhecimento deve ser feita por nós, de tudo o quanto contemplamos e ao mesmo tempo pelas convicções, crenças e intuições.

Se existe muita gente que se aproveita da fé alheia para fazer disso um negócio quando as pessoas procuram de facto algo que o além não lhes pode dar e de alguma forma se colocam nas mãos de uma entidade superiora, isso será assim tão errado? Se for só essa entidade, que segundo sabemos não tem qualquer registo bancário em nenhuma offshore nem investe na bolsa os fundos terrenos.

Respeitando a vontade de cada um em se autodeterminar e acreditar no que bem deseja, é um direito, uma liberdade, que de nenhum dos lados da barricada se atire a primeira pedra, porque dos dois lados há críticas que se podem fazer.

Se eu escolher acreditar em algo que para outra pessoa não é lógico ou não cabe no entendimento ou raciocínio da pessoa devo ser prejudicado por isso? E gozado devo? Eis a questão…

Quando se faz aquilo em que se acredita sem qualquer remorso, sem prejudicar ninguém e se diz que a nossa conduta deve ser pela prática do bem, não porque queremos a terra prometida ou um éden que Adão e Eva deitaram ao lixo sem reciclar, mas porque sentimos que a vida é limitada desta forma, porque alguém teve um testemunho directo ou indirecto, ou seja que razão metafísica mover uma alma humana a seguir um caminho justo e virtuoso. De nada trará ao mundo se for uma pessoa respeitadora da sua liberdade e do seu espaço.

Sei o que quero, sei o que sou e sei para onde quero ir. Isso não incomodará ninguém e seja que motivações possam impelir outros a sentirem-se traídos e abandonados segundo o que seria um ser superior ideal, isso não há forma de saber o propósito de tal “injustiça” ou discriminação. Fazer o melhor com que o temos não é razão para maldizer ou simplesmente afastar a possibilidade de existência de um ser superior. A vida idílica não está de todo a ser vivida por quem quer que seja, a nossa própria condição humana é uma limitação e até no extremo uma maldição.

Nascemos para morrer. Morremos com o desejo de ter feito, de ter querido ou de ter alcançado muito mais do que a nossa vida nos permitiu e isso será culpa do ser superior? Quando algo não corre como devia ter corrido é a ele que pelos vistos tem costas infinitas se podem atribuir as culpas?

Quando indagado perante uma possibilidade concreta e colocar em causa o meu próprio livre arbítrio. Do que estaria em causa nas decisões que eu tomava quando comparadas com a própria vontade do ser superior. Será que para um ser tão poderoso, conhecedor e sempre presente era compatível uma existência de facto de um livre arbítrio?

Eu responderia que é possível (atenção não há necessidade de ser intolerante e dizer que sim só porque estou mais inclinado para essa resposta), no fundo não há nada que possa dizer que tal não é compatível com o conhecimento e poder totais e supremos de um ser superior. Why should he care? Why should that be something that it isn’t compatible?

Pode ser perfeitamente possível se não tentarmos moldar um ser superior à nossa existência de tentação ou inveja e actuar sobre os humanos como marionetas e dizer-lhes que fazem o que querem apesar de existirem fios invisíveis ligados a todas as partes do nosso corpo que nos fazem agir, falar e comportar como o ser superior quer e não como nós desejaríamos comportar. Considero um pouco rebuscado tal entendimento que leva ao extremo o que provavelmente a conduta humana faria como sempre fez em subjugar o seu próximo aos seus ideais, convicções e vontades.

Se calhar pode haver algo diferente do que conhecemos ou da forma como nos comportamos. Eu acredito que há.

It’s just my opinion ^_^

1 comentário:

Diuska disse...

Bom Pinipom tu sabes o que penso disso. Temos visões diferentes, muito provavelmente porque tivemos vidas muito diferentes. Mas gostei do texto ;) beijinha